Os equipamentos serão móveis e não prejudicarão a montagem da estrutura do São João
Robson Meriéverton
Desde que a Vila do Forró foi extinta, em janeiro de 2011, existe uma rixa entre a Prefeitura de Caruaru e a população, representada pelo Ministério Público de Pernambuco, sobre o futuro do espaço. Para que a derrubada da estrutura fosse compensada, a PMC elaborou um plano para a construção de outro equipamento de uso comum para a comunidade. Trata-se de um espaço multiuso, apresentado na tarde da última segunda-feira (24), durante audiência com a promotora Gilka Miranda, na sede do MP. No encontro também ficaram definidos os prazos para a execução da obra e a entrega da mesma.
Por meio de 17 plantas, um arquiteto contratado pela Fundação de Cultura de Caruaru e outro que representou a equipe da URB explicaram, de forma minuciosa, qual o uso que seria dado à área de 3,5 hectares. Onde funcionava a Vila do Forró, será construído um espaço que contempla praça de alimentação – com capacidade para acomodar quatro restaurantes com estrutura de container -, pista de cooper, ciclovia, equipamentos de ginástica e projeto de arborização. “Tudo foi pensado levando em consideração a topografia do local e a facilidade para a sua remoção, já que todos os equipamentos serão móveis, o que não prejudicaria a montagem da estrutura do São João”, explica o arquiteto Verinaldo Gouveia.
No espaço destinado à construção da pista de cooper e ciclovia, apesar do piso usado ser diferenciado, não haverá qualquer barreira física para delimitar o contorno. “A ideia é minimizar as modificações estruturais ao máximo, o que trará agilidade e redução dos gastos”, acrescenta o também arquiteto Wolney Leite. Outro equipamento contemplado pelo projeto será uma quadra poliesportiva, a ser construída na área inferior do pátio, nas imediações onde funciona o Forró do Candeeiro durante o São João. “Quanto a esse equipamento, sua concepção será baseada em um trabalho diferenciado do piso e pintura”, detalha Leite. No projeto também há espaço para a construção de banheiros públicos, área para exposições artísticas e arborização montada em grandes jarros.
Segundo a promotora Gilka Miranda, uma das preocupações que acabaram prolongando a discussão sobre a viabilidade do projeto foi a utilização adequada do espaço. “Dessa vez, o projeto apresentado pela prefeitura tem um diferencial para suprir a população com um equipamento de lazer, cultura e esporte. Até porque não fazia sentido uma área tão nobre, localizada no centro da cidade, ficar inutilizada durante o ano inteiro”. Ainda de acordo com Gilka, na época da demolição da Vila do Forró, a justificativa da prefeitura veio pela falta de utilização da área, o que dava margem à criminalidade, e também pela falta de espaço para a realização dos shows no período junino. “Assim, acima de tudo, o projeto teria de ser viável para a população”, completa a promotora.
O encontro entre as partes também serviu para que fossem ajustados os prazos para início, execução e entrega da obra à população. Tudo foi especificado em uma minuta, que nada mais é do que um pré-documento com a proposta do MP para a resolução do caso. Para tanto, a PMC tem 60 dias para a conclusão do processo licitatório (até 24 de maio), e o início das obras está previsto para o dia 7 de julho. Já em relação ao prazo para que os trabalhos sejam concluídos, este deve ser cumprido até outubro de 2014. Quanto ao valor orçado para a realização do projeto, os arquitetos disseram que o estudo ainda está sendo feito.
O próximo encontro entre a prefeitura e o MP ficou marcado para terça-feira (1º). Na ocasião será assinado um TAC (termo de ajustamento de conduta), que deve contemplar todo o projeto, depois que este for avaliado pela Procuradoria Municipal e pelo prefeito José Queiroz. “Com os prazos definidos e as obras começadas, o MP fará fiscalizações periódicas”, explica Gilka.
A Vila do Forró foi demolida pela prefeitura na madrugada do dia 26 de janeiro de 2011. A ação ocorreu depois de decisão judicial da Vara da Fazenda Pública, que orientava a suspensão dos trabalhos. Desde o episódio, muita discussão aconteceu em torno do que seria feito no lugar. Entre as possibilidades, também foi cogitada a reconstrução das casas de alvenaria, o que foi descartado pelo poder público pela falta de verba e também pelo espaço que seria desperdiçado durante o São João.