Feira de Caruaru com vários problemas

Comerciantes que atuam no local e consumidores reclamam da atual situação do Parque 18 de Maio. Falta de segurança e lixo são alguns dos problemas

Wagner Gil

Tombada em 2007 pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como Patrimônio Imaterial do Brasil, a Feira de Caruaru sofre atualmente com a falta de infraestrutura e de cuidados por parte do poder público. A equipe de reportagem do VANGUARDA esteve durante dois dias no Parque 18 de Maio e o que não faltou foi reclamação de consumidores e, principalmente, dos comerciantes que frequentam e dependem do local para sobreviver. Roubos, assaltos, arrombamentos de algumas barracas, consumo de droga e prostituição também estão entre os problemas.
As reclamações são inúmeras e vão desde a grande circulação de veículos e motos a enorme quantidade lixo, metralha e ferro velho nos corredores que são destinados a quem vai às compras. Também existe a questão da descaracterização, já que a tombada Feira de Caruaru é formada por um conjunto de várias feiras. No lugar que era para se vender goma e outros tipos de alimentos por exemplo, há bancos com mercadorias importadas do Paraguai.
Mas o maior problema não é esse: está na infraestrutura. Esgotos estourados, galerias abertas e pouca fiscalização para combater as construções irregulares que vão crescendo a cada semana, causando dor de cabeça para quem age dentro das regras.
Nossa reportagem encontrou ainda uma grande quantidade de lixo espalhado nos corredores e às margens do Rio Ipojuca, ambiente propício para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Também não existem baldes ou caçambas coletoras para que os entulhos não sejam jogados nas vias. “Essa questão do lixo é relativa. Às vezes a prefeitura faz um mutirão, mas não existe equipe específica para cuidar desse problema. O lixo chega a passar mais de duas semanas para ser retirado e, às vezes, só quando sai alguma matéria na imprensa é que o pessoal da PMC olha para a Feira de Caruaru”, disse a comerciante Sônia Andrade.
O passeio público também vem sendo ocupado constantemente por mercadorias e depois viram barracas. Um dos exemplos está na calçada que margeia o Rio Ipojuca. O local, que antes era passagem de pedestres, agora está tomado por bancos de produtos importados, cabeleireiro e até uma ‘feira de bicicletas usadas’. “Como podemos circular na feira se não tem por onde andar. É um verdadeiro labirinto de bancos fechados, sujeira e muito risco de assalto”, disse a dona de casa Ana Patrícia.
Em alguns pontos da feira foram construídas lojas, algumas, inclusive, com piso superior. “Esses estabelecimentos já existiam e nós montamos uma equipe para evitar novas construções em alvenaria. Praticamente toda semana evitamos que uma nova barraca seja construída com tijolos”, disse o responsável pelo Departamento de Feiras e Mercados, Felipe Augusto Ramos. Ele informou ainda que atualmente apenas operações que trabalham com alimentação pode ter alvenaria.
Também existem barracas de alimentos que fizeram uma espécie de piso elevado no local do passeio e colocaram mesas e cadeiras. Sobre esse assunto, o diretor do departamento disse que não tinha observado. “Trabalhamos com cerca de 300 fiscais, mas esse pessoal não atua apenas no Parque 18 de maio. Temos uma série de feiras nos bairros, a Feira da Sulanca…”, afirmou.
A falta de segurança também é um dos problemas apontados por quem trabalha e frequenta o local. “Não têm policiais ou guardas municipais circulando dentro do Parque 18 de Maio. Quando aparecem, é quando tem alguma ocorrência de destaque, geralmente se for homicídio. Se for um assalto a pedestre, você liga, e eles (PM) não aparecem”, informou Maria do Socorro Lopes, que já teve a filha roubada quando estava saindo da barraca para fazer um depósito.
Nossa reportagem encontrou ainda algumas pessoas consumindo droga, mas especificamente crack. Um dos pontos de consumo é a ponte que liga o Parque 18 de Maio à rua São Sebastião. Durante a noite, o local é usado também como local de prostituição. “Já no finalzinho da tarde encontramos menores aqui para fazer programa”, denunciou um comerciante que pediu para não revelar seu nome. Ele afirmou que já teria ligado para o Conselho Tutelar e também para a Secretaria de Ação Social.
Outro problema grave na Feira de Caruaru é a quantidade de carros e motos nos estreitos corredores. Durante a passagem de nossa equipe no local, encontramos quase 100 veículos estacionados, entre carros e motos. “Quem tem carro ou moto e trabalha na feira estaciona aqui dentro mesmo. Nunca temos uma fiscalização. A última que ocorreu faz mais de dois anos e foi logo após uma reportagem do Jornal do Commercio”, disse Aldo Melo, que atua no setor de frutas e verduras.
O novo presidente da Destra, Alex Monteiro, disse que vai preparar uma operação especial para evitar esse tipo de problema. “Nós já fizemos algumas ações educativas, mas parece que não deu certo. Também já multamos. Vamos programar algumas ações para melhorar a situação que quem trabalha e quem vai às compras na feira de Caruaru”, informou Alex.
Já o secretário de Infraestrutura, Bruno Lagos, disse que sempre tem atendido a questão de esgotos estourados. “Quase toda semana enviamos uma equipe para resolver vários problemas na feira, principalmente de esgotos. Precisamos também fazer um trabalho de conscientização com o próprio feirante, que é quem geralmente joga lixo, material gorduroso, entre outros”, explicou o secretário.
Em relação à grande quantidade de lixo espalhado no local, Maurício Silva, responsável pelo Departamento de Limpeza, informou que constantemente vem fazendo operações para retirada dos entulhos. “Diariamente existe limpeza. Há menos de uma semana foi feito um amplo trabalho no rio e nas suas margens, com máquinas pesadas, e todo lixo e mato foram retirados”, afirmou.
Sobre a falta de segurança, o VANGUARDA tentou falar com o assessor de imprensa da PM, capitão Edmílson, mas seu telefone estava fora de área.

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